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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

VOCÊ PODE MUDAR O MUNDO!

ACHAMOS QUE, DO ALTO DA NOSSA INSIGNIFICÂNCIA, NÃO PODEMOS FAZER MUITA COISA.

Ledo engano! Uma boa ação percorre grandes distâncias! Subestimamos o poder de fazer o bem e superestimamos o pode de fazer o mal. Para comprovar isso, basta ligar a televisão em qualquer noticiário.

Hoje, a entidade televisão serve a três grandes propósitos: entreter, adoecer e anunciar. É difícil não ficar apavorado quando você assiste a qualquer jornal! Parece que a maldade impera no mundo de hoje — assassinatos, assaltos, ameaças de guerra e doenças. Que mundo é esse, que vai de mal a pior? As pessoas evitam sair de casa por medo do que veem na TV, desenvolvem doenças emocionais porque o pavor acaba dominando suas vidas e seus pensamentos.

Mas vença esse medo, desligue os noticiários e veja o mundo ao seu redor, não é NADA parecido com essa terra estranha que os jornais tentam empurrar goela abaixo. Se você voltar seus olhos para o bem, para as boas ações que as pessoas fazem, vai perceber que o mundo é um lugar MARAVILHOSO! Não só isso, você também vai se dar conta de que as pessoas são boas de verdade, só não são tão ouvidas porque bombas e tiros falam mais alto. Faça esse teste — passe um mês sem ver jornais e sem consumir notícias, sua vida vai mudar para MUITO melhor.

Achamos que só super-heróis têm poderes, mas nós também temos: QUALQUER UM pode fazer uma boa ação. A maioria delas não custa nada e vale muito — ajudar um vizinho, dar bom dia, elogiar alguém. Com gestos pequenos, você contagia as pessoas e muda o mundo, de verdade! Uma casa é feita de milhares de tijolos, mas se ninguém colocar o primeiro, nem meia parede vai ser levantada. A cada gesto, você constrói o mundo que quer habitar — seja e viva o que você deseja.

VOCÊ É CAPAZ DE CRIAR O MUNDO ONDE QUER VIVER.


Gabriela Alcoforado

Instagram: @galcoforado

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Um Brinde à Colegagem!

Olá leitores!

Temos novidade boa no blog do Toca!

Algumas amigas talentosas que têm uma produção de conteúdo super bacana no insta, cada uma ao seu estilo e atendendo a públicos diferentes estavam sofrendo do mesmo mal que me motivou a abrir um blog: o espaço do insta exige conteúdos extraordinariamente concisos - mas nem sempre a gente pode e/ou deve ficar apenas no resumo do resumo!

Assim, ciente de que talvez nem todas tivessem tempo ou interesse de gerenciar um blog, me ocorreu convidá-las para esticar seus assuntos aqui, no blog da Toquinha, na mais pura colegagem! Convite feito, convite aceito! Então, a partir deste mês, teremos aqui um grupo muito bacana de amigas, boas de escrita e de prosa, que vão aproveitar o espaço da Toquinha para desenvolver textos e matérias especiais, mais completas, para você.

E aqui, vou apresentá-las de modo breve, porque quem não as conhece ainda vai poder conhecê-las nos seus posts, com suas assinaturas e contatos (e que aparecerão sempre no Marcador Colegagem!)

Vou começar pela Corina, soberana do @omeureidanoite! C é uma menina portuguesa linda e risonha que vive na Inglaterra há quase 8 anos. Além do ig onde ela bate altos papos com os seus leitores, ela possui um blog há mais de 10 anos, onde partilha suas crônicas e compartilha sobre ser enfermeira, geek, mãe (ela tem um Príncipe fofíssimo que acabou de completar 2 aninhos!), leitora compulsiva e imigrante - tudo junto e misturado, em um universo muito próprio e especial.

Outro dia, perguntei à ela, como consegue dar conta de tantas atividades e, sempre bem humorada, Corina respondeu que "Acho que grande parte de conseguir fazer de tudo um pouco é porque aprendi com minha profissão, a saber gerir o meu tempo muito bem. Depois de ser mãe, pricipalmente, pois o tempo escasseia ainda mais! Então, tento ler enquanto o Príncipe dorme a sesta; ouço audiobooks a caminho do trabalho ou mesmo se for às compras; e nos outros bocadinhos, tento organizar o blog, pois tendo tudo alinhavado, torna-se mais fácil!"

A Luciana Luz é amiga dos tempos do colégio e ficou empolgada com a missão; aliás, de missão, ela entende. A Lu já fez Filosofia e Direito, atua com Psicopedagogia e atendimento educacional especializado com pessoas com Transtorno do Espectro Autista há uma década (atualmente, ela atua na gestão pedagógica). Adora ler e adora desafios. A Lu é mãe de dois rapazinhos, faz bolos como ninguém e nas horas vagas, é artesã de bijuterias e crochês. Também vem se realizando em ser uma bailarina, depois de adulta sim! E boa leitora como é, aposto que teremos textos lindos, cheios de sensibilidade por aqui.

A Gabi é uma menina queridíssima, que compartilha o @afterbooksyt com as irmãs - e por alguma razão, eu só me refiro à ela quando falo com o ig, hahaha. E depois de convidá-la para vir surtar aqui comigo, perguntei a ela porque alguém devia se aventurar no universo da literatura. Confere a resposta:

"A pergunta certa é porque não? O mundo da literatura abre tantas portas, principalmente da imaginação. Eu, particularmente, não consigo me ver sem os livros; já é algo que faz parte de mim. Conhecer novos horizontes...você pode conhecer novas culturas, ideias, ações, reflexões...basicamente tudo! Este universo existe não apenas para fugirmos da realidade, mas para melhorarmos a que temos, para não cometermos os mesmos erros, para nos aperfeiçoarmos e sermos pessoas melhores. E além  de muitas outas coisas (daqui sairia um livro sobre o assunto, kkkk) para nos divertirmos, sentirmos novas e diversas emoções, nos sentirmos leves e aproveitarmos o momento!"

Disse tudo, Gabi!

Já a Cecy, do @ml_cecy, é uma jovem professora que conheci em um grupo de apoio a autores nacionais e me encantei pelo jeito simples, alegre e criativo que ela tem de envolver as pessoas nas leituras. Ela me contou que sempre foi muito falante e que aos 6 anos aprendeu a ler. Logo depois, ganhou uma coleção de livros de Jannart Moutinho Ribeiro (O Indiozinho Amazonas) e um livro de contos de fadas clássicos. A partir daí, os livros se tornaram seus grandes companheiros e a Cecy, uma comunicadora do que lia.

"Pedia para passar as aulas de educação física na biblioteca e estava sempre com um livro em mãos. Essa compulsão começou na faculdade, quando entrei para o curso de Letras e redescobri a paixão pela leitura. Quando comecei a trabalhar, já podia comprar meus livros e a paixão só aumentou! Hoje, dou aulas de português, inglês, literatura e técnicas de redação, e sempre falo para meus alunos da importância da leitura para melhorar a escrita e oralidade!"

Recado dado, recado apreendido, professora Cecy!

E para fechar esse grupo mara, trago duas meninas maravilhosas e competentes, a Gabys e a Ana Carol.

Gabriela é psicóloga, tem um insta maravilhoso (e o motivo da maravilha você confere no @galcoforado) e em suas palavras, "sou recém chegada ao mundo da escrita - tenho desenvolvido o hábito de escrever diariamente, desde o ano passado, e tirei disso benefícios imensos! De autoconhecimento a cosmovisão, meus relatos podem ser absorvidos como crônicas de uma vida real, conselhos, autoajuda (embora há quem tenha ojeriza por este último tipo de leitura). Sendo assim, pretendo trazer para este terno espaço minhas reflexões sobre mim, o mundo e a humanidade em seus mais diversos matizes."


Só gente do bem, de bem e para o Bem.
Curtam e ajudem a divulgar o blog do Toca, para que os seus amigos e amigas possam vir aproveitar esses textos, enfim, todo o conteúdo que a gente produz com todo carinho!

Esse mês, tem post de estréia da Colegagem com um texto lindo da Gabys Alcoforado! Vem conferir!


Beijos,

Mariana Mendes 💖




















quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Entrevista com Rui Cruz

Olá leitores!

Esse mês trago uma entrevista mara com uma estrela do stand up português!

Rui Cruz faz 34 anos no próximo Halloween. Esta entrevista rolou há dois anos, quando nos encontramos em Lisboa para um papo de 1 hora para este blog. O papo, que começou as 17hs, só acabou as 22hs e o blog, que deveria ter sido lançado há um ano, finalmente está no ar e vem trazer um pouco da história de um dos nomes mais bacanas do cenário de comédia e stand up português.

Cruz é comediante, roteirista e músico. Formou-se em Arqueologia e chegou a ter sociedade em uma empresa de arqueologia, onde descobriu, dentre outras coisas, uma pedra com arte rupestre protostórica da Idade do Bronze (Proto-História é o período do desenvolvimento da humanidade que precede o surgimento da escrita, mas que foi possível conhecer por ser descrito em algumas das primeiras fontes escritas; praticamente coincide com a Era dos Metais.). No entanto, a veia natural para o humor falou mais alto – ainda bem!

Toca: Como o humor acabou se tornando profissão?

R.C.: O humor sempre fez parte da minha vida. Meus pais são pessoas engraçadas e o humor está na minha vida desde criança. Aos 9 anos, comecei a escrever humor pra mim – o meu pai deu-me o livro “Sem Penas”¹ do Woody Allen e tão logo o li, comecei logo a escrever pequenos contos. Depois de já ter o curso de Arqueologia concluído, já contando com 25 anos e sendo sócio de uma empresa de arqueologia, me percebi cansado – não do trabalho com a arqueologia em si, mas da parte burocrática e da parte da corrupção que há no meio². Então, acabei fazendo um curso de escrita criativa que encontrei pela internet. Tirei 15 dias de férias da empresa e me dediquei a isto. Ao final, gostei tanto da experiência que dei-lhe a minha parte da empresa e comecei a fazer, do humor, um meio de vida. Estou na estrada há 7 anos...já passei tempos maus, já passei tempos bons, mas não trocava por nada. 

Rui Cruz em seu espetáculo Cego, Surdo e Mudo

Toca: Quem te influenciou mais, nesse processo de se tornar humorista?

R.C.: Eu tenho muitas influências de outros comediantes, como Bill Leaks e George Calin, que são, talvez, minhas melhores influências...mas também tenho muitas influências literárias e musicais, desde o Luís Pacheco, os livros e filmes de Woody Allen, Voltaire...e mesmo na música, Banda do Cavaco, Beatles, Type O Negative, com aquele humor sarcástico. Então, as minhas referências vêm de muitos lados, ao contrário da maior parte dos comediantes da minha geração, as minhas referências são mais espalhadas. Talvez por isso a minha comédia seja um bocado diferente do que fazem os meus contemporâneos.

Toca: E sobre as participações que você já fez?

R.C.: Fiz muitas participações...fiz uma com o Rui Sinel de Cordes, que é um comediante português bastante conhecido...escrevi quase todos os programas dele...e fiz participações com ele ao vivo, desde o espetáculo Anjos Negros, que é um trabalho que tive com ele e o Paulo Almeida (também humorista), e depois tenho participações na televisão...tenho feito coisas em todos os canais...escrevi textos humorísticos para muitos programas...programas de culinária, ou seja, participações já fiz em quase tudo.

Toca: (*risos*): E como é isto? Você diz qual o prato do dia vai ser mostrado no programa naquele dia?

R.C.: Sim! Escolho com o apresentador as receitas do programa e depois vou fazendo histórias para cada receita, pesquisando suas origens, ingredientes...

Toca: Quem diria?!

R.C: (*risos*). Nunca ninguém diz, não é?

Toca: Nos teus vídeos da série Tão Real que Dói – aliás, teremos continuação? - ...

R.C. Sim, deveremos voltar em Setembro, em princípio!

Toca: ...o seu gato é uma presença constante. Conte-nos sobre essa parceria.

R.C.: (*risos*) Epá, o meu gato é das coisas que mais gosto no mundo, mesmo. E depois, ele é buè camera friendly! Ele é muito fotogênico e muito bonito na câmera...e toda gente sabe que gatos dão likes. Logo, juntei o útil ao agradável, que é tornar o meu gato famoso – que acho que, em certo ponto, já é mais famoso do que eu - e levar likes pros vídeos. Teve uma miúda que mandou uma mensagem  a dizer que só via os vídeos para, no final, ver o gato.

Toca: Que adorável!

R. C.: (*risos*)...portanto, acho que tive uma boa jogada.

Toca: Eu achei que foi um highlight na vida dele quando ele sumiu, né? (Há mais ou menos um ano, o humorista lançou uma campanha desesperada na internet para que as pessoas o ajudassem a encontrar o gato que fugiu e aparentemente havia se perdido. Foram dois dias de buscas aflitas até que o fujão foi encontrado)

R.C.: Putz, aquilo foi um pânico! O pôster dele de “Procura-se” está colado na parede da minha sala. Foi uma busca aflita de 48 horas mas no fim, ele estava no telhado.

Toca: Como é o nome dele?

R.C.: Majin Thoth! Majin é porque ele tem o “M” na cabeça como o Boo do Dragon Ball, então ficou “Majin Boo” e “Thoth”, foi por causa da minha ex-namorada que foi quem o trouxe para me chatear, o apelidou com um nome egípcio que ainda por cima é um deus que sem sequer tem cara de gato, o que não faz sentido, é só parvo. Mas esse nome ficou giro, ele gosta do nome.

Toca: Sim, acho que combinou tanto com ele...ele é tão...

R.C.: ...”psicopata” é a palavra certa...

Toca: Ele tem uma dignidade, né?

R.C.: (*risos*) Como Hanibal Lecter!

Toca: O humor se relaciona com temas sérios? Como você trabalha a relação “Dizer coisas engraçadas” X “dizer o que as pessoas precisam ouvir”?

R.C.: Eu nunca penso naquilo que as pessoas precisam ouvir. Da parte da comédia, nunca. Eu faço aquilo que, normalmente, me faz rir e depois as pessoas ou gostam ou não gostam, eu nunca vou à procura de público. A arte, para mim, não é uma cena que vais atrás de fazer para agradar alguém. Arte é aquilo que vais fazer porque precisas fazer. É uma coisa tua. As pessoas gostam ou não. A partir do momento em que tu fazes, já com o resultado na cabeça, deixa de ser arte, passa a ser um negócio e eu nunca fui por aí. Agora, fazer comédia com coisas sérias...eu acho que só se deve fazer comédia com coisas sérias. A comédia tem muito dessa responsabilidade social, acho eu, de tirar o peso a coisas que já são pesadas e é isso que também chateia as pessoas, tirares o peso e a carga negativa a coisas que são próximas ou que lhe tocam, de alguma forma. Parece que, quando tu tiras peso de coisas negativas, tu estás a desrespeitar a situação e não, estás só a tirar peso. A vida é tão efêmera, nós andamos cá 80 anos, mais ou menos, é tão pouco tempo! Para que estar a pôr mais pensamentos negativos à cabeça quando tu podes brincar com eles e lidar com eles de modo mais fácil? É isso que eu penso quando faço a minha comédia. Muito da minha comédia é autobiográfica e psicológica – tem quase uma função terapêutica para mim, pois falo de muitas coisas como relações que acabaram, é uma maneira de expiar coisas que me enervam ou que eu não percebo, é minha válvula de escape. É bom quando alguém me ouve e se sente reconhecido ali. Desde criança, meus pontos de brincadeira foram coisas que, normalmente, não eram para brincar. É algo que está no sangue e acho que essa é a forma como eu me relaciono com o mundo. E acho que é importante fazer piadas com temas tabus, porque as vezes, não coisas que não se falam, por serem tabus, e quando tu brincas com eles, nem que tenhas uma recepção negativa, estás a trazê-los à tona. Às vezes, trazes a atenção das pessoas para coisas que elas não se lembram ou não falam e isso acaba sendo positivo, ainda que te traga ódio também.

Toca: Há um vídeo interessante onde respondes ao teu colega, Diogo Batáguas (humorista) que já te chamaram de “Conchita”. Rui Cruz é um homem vaidoso?

R.C.: (*gargalhada*)

Toca...há vídeos teus em que apareces com batom e vestidos.

R.C.: Sim! Já fui muito vaidoso, muito metrossexual. Maquiagem, sempre gostei, desde garoto. Meus pais sempre acharam piada ter um filho razoavelmente diferente. A roupa feminina é muito legal!

Toca: O humor negro é uma provocação? Quem é a tua audiência? Você a conhece?

R.C.: Eu conheço um bocado da minha audiência. Tem a turma que leva as coisas meio a sério...o meu humor varia do humor social ao humor negro – acho que sou o mais ácido dos comediantes e acho que sou, no palco, muito próximo do que sou na vida fora dele – sou sarcástico e acaba que o meu show acompanha o tom.

Toca: Eu não acho que seja tão ácido.

R.C.: Não achas?

Toca: Não.

R.C.: Mas sou ácido nas minhas observações e sou amargurado, vá. Sou aquele velho ranzinza que nós falamos a bocado...

Toca: Bom, vai ver o seu tipo de humor me soa mais familiar do que para as outras pessoas...


R.C.: Se calhar tu acabas sendo um bocado parecida comigo nesse aspecto e por isso tamos a dar bem, tás a ver? Quando sinto empatia, sou simpático, quando não, sou uma besta.

(P.S. Ele foi um doce de pessoa.)

Toca: Ainda sobre o público, como você percebe as pessoas que consomem o teu material?

R.C.: Tenho basicamente 3 tipos de público: aquele mais erudito, que gosta muito de ler, que gosta de boa música e acabam encontrando eco nas mesmas referências culturais que eu tenho; o bruto, que não percebem que uma piada de humor negro é só uma piada e acham que estou a justificar suas posições ofensivas, que é só ridículo e depois, tenho um público desajustado socialmente, pessoas como eu, que não se enquadram na sociedade, que não tem grupos específicos e que sentem que este mundo de aparências não faz sentido. O meu público é uma mistura destas três categorias.

Toca: Isso é curioso, porque são completamente diferentes e talvez, se interagissem, brigassem o tempo todo.

R.C.: Ah sim, isso acontece o tempo todo! 















Rui Cruz participando do programa Maluco Beleza


Toca: Porque algumas pessoas se sentem tão ofendidas com o humor negro? Há uma forma madura de lidar com as agruras sociais sem ofender ou não há essa preocupação específica no humor negro?

R.C.: Qualquer piada vai ofender alguém. Se eu fizer uma piada de loiras, as loiras ficarão ofendidas. O humor negro ofende mais porque foca em temas que são sensíveis: câncer, violações, AIDS, morte, tragédias. O que é que ofende? Ofende aquilo que é mais próximo de ti. Não é o tema em si, mas o que te é próximo. Agora, tens na internet movimentos de massa e consegues criar uma onda de respostas. Se és uma pessoa famosa e dizes que se ofendeu com determinada coisa, tens aí 100 pessoas que a seguem e que vão partir pra cima, muitas vezes sem nem saber direito o porquê.

Toca: No Brasil, alguns humoristas se viram obrigados a se desculpar por causa da repercussão negativa de algumas piadas ou tiveram projetos boicotados. Como lidar com a crítica que chega a este nível?


R.C.: Aqui em Portugal também já tivemos alguns problemas com humoristas. Eu sou apologista de nunca pedir desculpas. Nunca vou pedir desculpa por uma piada. Se a piada correu mal, correu mal. Nenhum artista faz isso. 

Toca: “Algumas questões”. O que te incomoda mais atualmente nos comportamentos ou no estilo de vida?

R.C.: A falta de referências é uma coisa que me assusta muito. Esta nova geração tem zero referências do passado, como se ele não existisse. Quando tens uma geração que não tem referência de passado, tudo  o que foi de mal vai voltar a acontecer e as próprias referências culturais são algo que me dão ataques de pânico. Eu penso “se isto existe é porque tem audiência e se tem audiência é porque há milhares de pessoas que acham que isto é legal”. Eu vivo em pânico e irritação quase 90% do tempo. A minha geração já começou a ser assim...acho que a geração anterior, a última grande geração de coragem, de força de vontade...a minha geração já começa a se queixar de tudo e a querer tudo de mão dada...

Acho assustadora a falta de cultura e o louvor à falta de cultura. No  meu tempo havia o burro da turma, que era um gajo popular mas toda gente sabia que era burro. As pessoas o achavam engraçado e só. Hoje o burro da escola é o gajo mais legal, é o gajo que diz “Nunca li um livro e não quero saber de política” e é aplaudido por isso. Hoje vais ao Twitter e vês garotos dizendo frases rasas e estas frases são retwitadas 40 mil vezes! E as garotas a dizerem que é com este tipo que querem se casar!

Toca: Formam um casal legal, o burro da escola e a garota desmiolada.

R.C.: Mas esses depois vão procriar e daqui a uns anos, temos o Idiocracy! (*risos*) Porque gente como nós não tem filhos e estes gajos têm uns 8 e lá está o Idiocracy! 

Toca: Você é uma pessoa que se incomoda com algumas questões da vida moderna...

R.C.: (*risos*) Todas!

Toca: “Algumas questões”. O que te incomoda mais atualmente nos comportamentos ou no estilo de vida?

R.C.: A falta de referências é uma coisa que me assusta muito. Esta nova geração tem zero referências do passado, como se ele não existisse. Quando tens uma geração que não tem referência de passado, tudo  o que foi de mal vai voltar a acontecer e as próprias referências culturais são algo que me dão ataques de pânico. Eu penso “se isto existe é porque tem audiência e se tem audiência é porque há milhares de pessoas que acham que isto é legal”. Eu vivo em pânico e irritação quase 90% do tempo. A minha geração já começou a ser assim...acho que a geração anterior, a última grande geração de coragem, de força de vontade...a minha geração já começa a se queixar de tudo e a querer tudo de mão dada...

Acho assustadora a falta de cultura e o louvor à falta de cultura. No  meu tempo havia o burro da turma, que era um gajo popular mas toda gente sabia que era burro. As pessoas o achavam engraçado e só. Hoje o burro da escola é o gajo mais legal, é o gajo que diz “Nunca li um livro e não quero saber de política” e é aplaudido por isso. 



Agradecemos ao Rui Cruz pela disponibilidade e gentileza em atender ao convite do Toca para essa entrevista, que aconteceu em Lisboa. Espero que vocês também tenham gostado da prosa!

Beijos,

Mariana Mendes 💖






¹ (“Without Feathers”, lançado no Brasil pela editora L&PM Pocket, com o título “Sem Plumas”. Trata-se de uma coleção de histórias curtas e duas peças, Morte e Deus. O autor traz neuroses, referências à psicanálise, versões humorísticas de histórias clássicas, obsessão com a morte e algum nonsense.)

² Existe, em Portugal, uma legislação que envolve a atuação da arqueologia, como movimentação de bens arqueológicos em território nacional, intervenções para edifícios tombados, etc e segundo alguns arqueólogos locais, as empresas são obrigadas a ter laudos de arqueologistas sobre a existência ou não de objetos arqueológicos, o que acaba encarecendo e tardando as obras. Assim, algumas empresas pagam propina para que o arqueólogo “não encontre nada” e elas possam fazer as obras mais rapidamente.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Conhecendo o Toca da Cultura!

Oi, leitoras/leitores!

Gente, eu já falei para vocês sobre o Toca da Cultura, né? 

Esse perfil foi criado no intuito de divulgar meus serviços editoriais e produtos à venda - a priori, livros (e no momento, semi-novos!). Afinal, ninguém é funcionário do instagram, mas para produzir conteúdo verdadeiro e útil, é necessário tempo, leitura, pesquisa, estudo e isso precisa, então, encontrar um meio de se tornar viável. 

Comprando livros e serviços pelo @tocadacultura_, você apoia o projeto do Toca da Leitura, que vem atraindo pessoas que não têm hábito de ler a conhecer diversas propostas literárias, promovendo leituras conjuntas e estimulando as pessoas a se encontrarem mais, através dos livros e oferecendo uma alternativa a quem quer comprar livros mas não acompanha os valores agressivos impulsionados pela rede de serviços gráficos e editoriais que os cercam. 

"Ah, Mari, mas existem sites livreiros que vendem livros novos bem baratinhos"

Ah, leitora/leitor, mas os sites não têm qualquer propósito junto às pessoas que não seja lucrar simplesmente e você pode equilibrar suas aquisições, dando uma força para a sua livraria local preferida e valorizando projetos como os do Toca, que incentivam a leitura, que oferecem boas análises, que promovem encontros. A gente negocia sem perder o valor. Vamos tentar? 

No @tocadacultura_ você tem acesso a livros em ótimo estado, tem uma venda personalizada e clara  sobre o estado do livro e os valores estão bem semelhantes aos dos sites livreiros. O frete de qualquer livro é o valor do envio (módico) + embalagem, ou seja, preço mais amigo, impossível. 

Você compra barato e apoia um projeto muito bacana, que cada vez mais, vem recebendo feedback fantástico de pessoas que não liam nada e agora estão se sentindo encorajadas e orientadas a quebrar esses paradigmas e procrastinações particulares - tenho uma dessas pessoas no projeto Jane Auste, imagina!!!

Vamos dar uma força, ok? Conto com vocês! 

Beijos, 

Mariana Mendes 💖










quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Playlist para Escrever?

Olá leitoras/leitores!

Outro dia, uma amiga das quebradas literárias me perguntou se eu usava música para escrever meus livros. "Claro que sim!", disse eu, "Não só para escrever livros, mas para escrever qualquer coisa e dependendo da playlist, até para ler."

A música é uma ferramenta poderosa para aumentar a concentração e o foco - e no caso de estar escrevendo livros, ter uma playlist me ajuda horrores a entrar no mood da cena. Vida de escritor, amores, não é viver de inspiração, mas de disciplina. Todos os dias, eu sento e escrevo. Qualquer coisa. Escrevo no computador e escrevo na agenda. Escrevo as resenhas dos livros que leio, incluindo as análises, insights e curiosidades que tenho ao lê-los. E a música é fundamental para me concentrar nessa tarefa. 

É bem verdade que não vou ouvir É o Tchan se estiver na missão literária - senão, meu foco vai pro beleléu e não vou saber se pego na caneta ou se pego no compasso. A música clássica tem sido minha companheira desde a primeira infância (obrigada, mãe!) e o tempo me trouxe o Jazz e o Blues. O  Spotfy está cheio de boas listas de jazz, blues e músicas clássicas para você conhecer e usar nos seus momentos de análise. 

"Ah, Mari, você só ouve esse tipo de música? "

Não, ouço rock dos anos 1950 a 1994 (quando o Guns n'Roses saiu de cena e o rock tirou uma licença poética desinteressante, pra mim). Que mais? Adoro trilhas de filmes, música árabe e fado. Rock brasileiro dos anos 80 e 90 (de bonus, acompanha grandes histórias e boas lembranças!) 

Quem sabe não faço um #Sintoniza! com a playlist que estou usando enquanto trabalho no meu  livro novo, hein? E você, que tipo de música rola por aí? 


Beijos, 

Mariana Mendes 💖




terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Feliz Ano Novo para Nós!

Olá leitoras/leitores do Toca!

O ano de 2020 chegou e com ele, renovamos vários votos. Um deles, para nós, leitores, é a feliz tarefa de escolher os livros que vamos ler durante o ano; eu adoro escolher meus livros, programar os planners, o BuJo, enfim, me entregar à tarefa de organizar a vida do bookstagram e do blog. Tenho certeza de que vocês estão se divertindo fazendo isso também.

Esse ano, o Toca chega com alguns ótimos projetos literários! Foi graças às boas experiências que tivemos no ano passado com as leituras conjuntas (com a galera que participa presencialmente dos encontros do Toca) que resolvi propor três bons projetos de leitura conjunta, independentes porém relacionáveis, que certamente trarão uma boa carga de informação e reflexão.

Em 2019, as leituras conjuntas propostas foram Villette, de Charlotte Brontë e tão logo o discutimos,  Crônica do Pássaro de Corda, de Haruki Murakami (começamos no dia 15 de Novembro e o plano era concluir a leitura no final de Dezembro. Acabamos alongando o prazo de término de leitura dele e fizemos a discussão rolou no dia 19 de Janeiro e foi fantástica.)

Há tempos queria fazer uma releitura da obra de Jane Austen e isso me pareceu uma boa proposta para 2020. Muita gente, erroneamente, têm a autora como uma pessoa excessivamente doméstica e seus livros, coisa de noveleiro. Porém, se você jogar uma lente antropológica nas personagens de Austen, vai ver coisas muito, muito interessantes e essa possibilidade me empolgou. 

Assim, decidi propor a leitura da obra de Austen, em ordem cronológica, e com isso, poder reexaminar esses livros com olhos mais amadurecidos, fazendo análises novas e claro, revisitando lugares afetivos que esses livros me deram ao longo dos anos. Fechamos um grupo muito bacana, por aplicativo de mensagens, e agora em Fevereiro, começamos Razão e Sensibilidade, o primeiro livro publicado da autora, segundo os estudiosos (a lista de leitura do projeto, você confere no marcador "Agenda", aqui no blog!)

Esse foi o primeiro livro que li de Austen e depois dele, cacei não só os outros livros da autora,  mas adquiri os filmes feitos sobre eles, as trilhas sonoras - enfim, me joguei em seu universo como só um fã de Harry Potter poderia compreender. Se houvessem roupas inspiradas nas personagens de Austen à venda, eu as teria comprado! 

Mas o programa não ficou só em Austen. Desejando visitar a época da autora sob outros olhos e propostas, a galera do Toca escolheu ler dois calhamaços (cujas leituras serão divididas ao longo de 2 meses para cada), paralelamente ao projeto: os escolhidos foram Jane Eyre, de Charlotte Brontë e David Copperfield, de Charles Dickens. Fiquei muito feliz com a votação, pois há tempos desejava ler esses livros e em breve os leremos! Mas para esses calhamaços, as discussões serão feitas presencialmente. 

Outra boa notícia é que a livraria Leitura reabriu as portas e o Clube de Leitores da livraria volta com tudo, no espaço da cafeteria Página 7, que também reabriu seu ambiente por lá. Em Março, teremos a leitura de A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende e a discussão deverá ficar para o 3º domingo do mês, então se programe! O Clube de Leitores da livraria Leitura é aberto e gratuito e sua dinâmica é a seguinte: os encontros são mensais e após cada discussão, escolhemos o livro para o mês seguinte. Agendamos a data do próximo encontro e voilà! Temos a companhia do café maravilhoso do Página 7 e um grupo sempre empolgado para discutir as obras literárias. Quer melhor? 

Sobre o bookstagram, esse ano quero poder interagir mais com os seguidores do Toca, saber o que as pessoas estão pensando sobre os livros e deixá-las saber que 1) temos uma lojinha para livros semi-novos, o @tocadacultura_  - sim, vamos estimular a compra de livros usados em excelente estado de conservação porque queremos que as pessoas passem a valorizar mais o seu dinheiro - e já que leitor reclama a beça de preços dos livros, taí uma opção inteligente e ecológica para adotar em 2020! - e 2) temos serviços editoriais disponíveis para escritores (confere o destaque do @tocadacultura_ para saber mais!) 

E é isso, gente. Muitos projetos a vista, muito trabalho e leituras ma-ra-vi-lho-sas no horizonte!
Bora?


Beijos,

Mariana 💖



P.S Temos tido a felicidade de ver nosso grupo de leitores e leitoras crescendo por aqui, mas preciso lembrar a você de clicar no botão "Seguir" para que o Google reconheça o tráfego que temos e possa nos tornar ainda mais visíveis nas buscas, então, estamos contando com vocês! E se puder, divulgue,  compartilhe, participe e vamos ler!