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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Um filmaço chamado A Época da Inocência


Se vocês leram a resenha de A Época da Inocência, a história não é segredo. Mas aqui, vou me deter sobre o filme, que estreou em 1993, sob uma direção primorosa de Martin Scorcese e um elenco de peso, com Daniel-Day-Lewis, Winona Ryder e Michelle Pfeiffer nos papéis de Newland Archer, May Wallace e Condessa Madame Ellen Olenska, respectivamente.

A cena inicial é num teatro - nada mais adequado. Todos ali estão focados uns nos outros e em suas aparências cuidadosamente construídas.

Newland Archer e May Wallace formam o casal perfeito; ele, muito altivo na figura de Day-Lewis, ela, angelical, na pele de Winona Ryder. Em contrapartida, Madame Olenska é apresentada com um belíssimo vestido azul vivo e a diferença entre os vestidos das duas personagens principais já dá uma ideia da situação. Olenska fugiu do marido e deseja se divorciar. Wallace é uma noiva virginal que tem beijos roubados candidamente por seu principesco noivo.

O filme, que segue fiel ao livro, guarda uma forte crítica ao julgamento da mulher que nãos segue os rígidos padrões tradicionais. Quem saía da linha era punida com uma "erradicação" social. Nenhum convite era feito, nenhum convite era aceito. E assim, se colocava a mulher "rebelde" em um lugar de ostracismo, silêncio e escuridão. 

Porém, essa situação começa a incomodar Archer, que começa a questionar os motivos da condenação à madame Olenska. 

Temos dois diálogos muito claros a esse respeito. No primeiro, Archer está jantando com sua família e sua mãe e irmã criticam tudo que Ellen Olenska faz, usa ou diz. 

Archer: "Ela teve uma vida infeliz, isso não a torna uma marginal."
Sr. Archer: "Certamente é essa a desculpa que sua família vai dar." 

Archer se vê cada vez mais impelido a dar suporte à madame Olenska - a princípio por sentir que sua má reputação poderia lhe atrapalhar o casamento; depois, por se solidarizar com Olenska. May Wallace, inclusive, o apoia em seus esforços para animar madame Olenska - mas engana-se quem pensa que sua condescendência se deva a inocência ou extrema bondade. May sabe perder batalhas para ganhar a guerra. 


 "Ninguém quer saber a verdade. A verdadeira solidão é viver entre essas pessoas que só querem saber o que você finge ser." (Madame Olenska)


Madame Olenska e Archer acabam se envolvendo - e aqui, o diretor deixa para o público entender o que se passa nos corações dos personagens: eles estão se apaixonando mesmo ou só estão encantados pelo quê o outro oferece (e que eles não encontram entre seus pares?). Porém, Ellen está comprometida em se tornar uma "verdadeira americana" e esquecer sua vida passada e Archer, está jogando sua boa reputação e seu noivado com uma verdadeira dama daquela sociedade - ou seja, nenhum dos dois está em posição de seguir seu coração.

Archer: "Nossas leis permitem o divórcio, mas nossos costumes sociais, não. 
Madame Olenska: "Nunca?"
Archer: "Não se uma mulher tem indícios que sejam, de algum modo, contra ela, já tenha se exposto a comportamento não convencional, insinuações ofensivas..." 

O diálogo em que os dois conversam sobre as consequências do divórcio deixa claro que não há, para nenhum dos dois, alternativa senão seguir o que manda a sociedade: Olenska viver em discrição e Archer se casar com May e ser um advogado, marido e pai respeitável. 

Há um link onde você pode assistir ao filme, em português - mas ele está disponível na Netflix também. As atuações são emocionantes e vale muito a pena assistir ao filme depois de terminada a sua leitura. 

Filme A Época da Inocência: https://drive.google.com/file/d/1kXBPKqiLwwjnPNUb4jEFfBO7Yo5M5cC7/view

Eu sou suspeita para falar desse filme, porque é um dos meus favoritos!
Espero que lhes seja agradável também.

Beijos,


Mariana Mendes 💖




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