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terça-feira, 17 de março de 2020

A Saga (real) do Autor Independente - Parte I

Olá leitoras e leitores!

Sempre que engato uma conversa sobre a minha atividade como escritora, surgem perguntas e especulações sobre o dia a dia do ofício; é uma curiosidade natural, embora eu perceba que muita gente acredite que ser escritor é viver um glamour transcendental. Certamente há quem viva, mas é a minoria de um vasto, sonhador e lascado universo. Como algumas perguntas acabam se repetindo e muita gente que gosta de ler e escrever sempre me pergunta sobre as dificuldades de ser uma escritora independente (ou porque me tornei uma independente) e sobre o processo de publicar um livro, decidi ter essa prosa, acreditando que tanto os pretensos escritores quanto quem acha que acordo ao meio dia e escrevo o dia todo, terão um maior entendimento do que realmente acontece.  

Bora conversar.

Meu primeiro livro, Amaríssimo (trabalho de prosa poética e disponível para venda no @tocadacultura_), foi lançado em 2015, a convite de uma editora pequena, o que significa que, apesar do convite, tive que arcar com os custos da produção sem ter controle sobre eles. Explicarei sobre isso em breve.

Em 2018, com o segundo livro pronto (O Caldeirão, contos e esquetes inspirados no Halloween) e muitas lições na manga, resolvi abrir a minha própria editora. Motivo principal: ter liberdade para escolher os profissionais que iam trabalhar no livro, o que, de fato, me garantiu maior rapidez e economia na produção e melhor fluidez na comunicação. Esses também foram alguns dos principais motivos que me fizeram ser uma autora independente. 

Poderia ter enviado os meus originais a editoras maiores, que cobrem os custos da produção e têm grande poder de divulgação e distribuição? Sim, mas o caminho, dizem, é meio sinistro. Há boatos sobre editoras que recusam originais e depois os publicam sem o conhecimento do autor ou pior: encaminham esses manuscritos para seus autores contratados, para que sejam usados em suas "pesquisas". Saca aquele escritor desconhecido que reconheceu trechos ou mesmo a ideia central de um trabalho seu, igualmente desconhecido, no livro de um grande autor? Pois é. 

Outras fontes afirmam que, por cobrir custos de produção e arcar com a distribuição, a editora abocanha uma baita fatia dos lucros - e há quem relate contratos que obrigam o autor a ceder totalmente os direitos sobre a obra. Isso significa que, se o livro estourar ou se um produtor de cinema quiser fazer uma adaptação dele, os direitos e lucro maior são da editora. Enfim, há prós e contras mas acho que, para quem está no começo, ser independente lhe dá autonomia e chance de observar, aprender e testar o seu produto antes que ele seja exposto às avaliações rápidas de editoras que estão entulhadas de manuscritos e só vão passar da 5a página se o seu livro estiver totalmente alinhado com o tipo de material que elas já publicam. 

Uma amiga me contou que recentemente enviou seu original a uma grande editora, mas apenas os cinco primeiros capítulos, acompanhados por um termo de confidencialidade. Garota esperta.

Mas antes de aprofundarmos o assunto, preciso lhe dizer uma coisa sobre o tornar-se escritor/a - e qualquer livro sobre técnica de escrita vai lhe dizer o mesmo: um escritor/a precisa ter, necessariamente, domínio de estilo e de técnica (de escrita, de pesquisa etc) e isso vem com muita, mas muita leitura e prática de escrita. E isso leva tempo. Se você não tem uma coisa nem outra, vá trabalhar e nem pense em editoras por hora. 

No entanto, se você sente que está amadurecido/a e decidiu partir para um projeto independente, vai precisar entender sobre o processo de publicação. Depois de ter a história pronta, você tem que entender sobre as partes que compõem um livro, pois terá que tomar algumas decisões sobre elas e saber quais profissionais deverão estar no seu caminho, para viabilizar o seu projeto.

A primeira questão é definir o tipo de publicação do seu livro: livros físicos têm custos maiores que os e-books e esses detalhes terão que ser bem pensados antes de qualquer coisa - mas tudo vai depender do tipo de público que você visa atingir. Eu, por exemplo, tenho uma dificuldade gigantesca em ler e-book. Mas talvez o seu público alvo adore esse formato e só leia no Kindle, por exemplo: você vai ter que se munir dessas informações para poder decidir o formato do seu trabalho.  

De qualquer forma, seja por uma editora pequena, seja por publicação independente, esteja pronto para desembolsar, pois são muitos os processos até que o seu livro fique pronto - e vamos conversar sobre eles nos próximos posts da seção Dentro da Toca!  

Essa foi a primeira parte do nosso papo sincero sobre a saga (real) do autor independente. Espero que  lhe sejam útil, de um jeito ou de outro. 

Um beijo, 


Mariana Mendes 💖









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