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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Dica Literária: Os Catadores de Conchas, de Rosamunde Pilcher

Boa noite, gente! 

Os Catadores de Conchas foi a dica literária dessa semana, no insta do Toca, e aqui vamos estender a prosa um pouco mais. Também na seção Tricks and Tags, você vai encontrar questões, curiosidades e passagens interessantes para lançar no seu caderno de leituras, levantadas durante o encontro com o grupo de leitores e foi um momento muito rico. 

Esse foi o primeiro livro de Rosamunde Pilcher que li; foi uma escolha do Clube de Leitores da Livraria Leitura Teresina (o último antes da loja fechar, passar por reforma e reabrir, lindona) e por ser um livro imenso, confesso que fiquei meio apreensiva, pois estava com viagens agendadas e algumas leituras particulares em andamento. Mas como ele fluiu! Isso, pra mim, é um bom sinal: quando o livro é fisicamente enorme (e este é um tijolo) mas piscou, terminou a leitura! Dá aquele gostinho de "Já acabou? Como assim? " 

A história se passa em Londres e na Cornualha, da Segunda guerra até meados dos anos 1980, porque acompanha a vida presente e as memórias da personagem Penélope Keeling. 

Quando a conhecemos, ela é jovem e vive com seus pais em um lugar meio bucólico. Filha de pais artistas, sua criação é diferenciada em relação às famílias locais, o que lhe confere uma leveza de alma que beira a indiferença em muitas situações. As coisas se tornam complicadas quando a guerra estoura e ela precisa lidar com perdas, dificuldades de todas as formas, um casamento esquisito e a maternidade confusa. 

Entre os poucos bens que sobraram dos bons tempos está um quadro intitulado "Os Catadores de Conchas", pintado e deixado como herança por seu pai, Lawrence Stern, famoso pintor que viveu e morreu em Cornualha. Essa pintura guarda muitos símbolos para Penélope, mas o tempo passa e agora, seus filhos planejam vender o quadro que, atualmente, vale uma fortuna. Quando os filhos adultos de Penélope entram em cena, as coisas começam a ficar interessantes, pois o leitor se pergunta constantemente como alguém como ela, que precisou ser valente e acolhedora tantas vezes, e se mostra uma senhora tão calorosa, pode ter tido filhos tão horríveis. 

Nancy, a primogênita, tem dois filhos rebeldes e um marido ausente em todos os sentidos; Olívia é a mais bem sucedida entre os irmãos, mas tão indiferente quanto eles - e Noel é um rapaz bonito, bon vivant e ambicioso, que simplesmente não gosta de pegar no pesado mas não sabe exatamente o quê fazer da vida. Diante desse cenário, obviamente, rapinar o que a mãe tem de valor não parece má ideia. 

Penélope sabe que não foi uma mãe extraordinária e talvez por isso, ela prefira viver distante dos filhos, na velhice. Porém, quando dois jovens chegam em sua vida, Penélope começa, instintivamente, a buscar a cura para as culpas, através de ações redentoras e fechamento dos laços afetivos de sua família. Antônia, filha de um ex-namorado de Olívia que morreu inesperadamente, e Danus, um jardineiro trabalhador, com um passado meio misterioso, provocam em Penélope a necessidade de reparar, da melhor forma, os danos emocionais em seus filhos. 
Mas haverá tempo? Haverá espaço? Haverá disposição? 

Rosamunde Pilcher inunda o leitor com chás e gostosuras enquanto desfia o duelo de Penélope contra a perfídia de seus filhos - bom, de Noel e Nancy. E é uma passagem muito triste, ver que só boa vontade não basta para acertar os prumos de uma família que nunca aprendeu a amar. 

Eles se invejam, se cobram, se acusam e só se unem para tramar melhorias em benefício próprio. É claro que qualquer mãe sofreria com isso, mas Penélope mantém a serenidade. Ela corta na carne, sabendo que será mal interpretada, mas o faz com a consciência de que está fazendo o que é justo. 

E uma das grandes lições que tirei desse livro é que muitos de nossos sofrimentos são, de muitas formas, causados por nós mesmos. Como podemos ser tão mesquinhos, pequenos, imaturos, como perdemos a visão do bom caminho facilmente...

O leitor se aflige com os rumos dos filhos de Penélope, com sua pequenez de espírito, mas não é a toa que a autora sustenta a trama sem passes de mágica. As lições estão justamente aí. 

E uma mulher que viveu gloriosamente até os 94 anos, deve saber das coisas, não é? 




Beijos,

Mariana Mendes 💖




































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