Desde que
cheguei de viagem, há um mês, tenho estado tão ocupada que quase fui pega de
surpresa com a chegada do Natal. E quando tentei me lembrar com o quê tenho
estado tão ocupada, pouca coisa realmente relevante me veio à mente. É uma
armadilha, não é? Tenho a sensação de que as horas estão passando mais rápido,
tenho tanto o quê fazer que até o tempo que passo com as pessoas e coisas que
amo, têm estado contado.
Hoje, ouvi algo de
uma vendedora que me deixou intrigada: "Nem parece que é Natal, não é? Não
sei...não estou sentindo aquele clima especial de Natal...as pessoas estão tão
estressadas e grosseiras...quase não vemos enfeites de Natal...está
estranho."
Sim, o tempo
está esquisito. Tenho lido sobre pessoas comparando Jesus Cristo com
políticos de direita e de esquerda (o que, pra mim, é absurdo); Há árvores de Natal, das simples às luxuosas, com bolas,
pirulitos, laços, anjos, duendes, ursinhos, neve falsa - mas não vejo a Sagrada
Família em lugar nenhum. Em quê estamos permitindo que o Natal se transforme?
E ao pensar
nisso, só me veio uma coisa em mente: temos o Natal proporcional ao Cristo que
cultivamos em nós, em casa, com os outros. E esse ano, não está
especial...porque talvez a nossa comunhão não tenha sido especial.
Comecei 2019
desejando me aproximar mais de Deus. Cresci em um lar Católico-Kardecista,
escolhi a Igreja Católica Apostólica Romana como lar espiritual e venho me lapidando
no trabalho voluntário através das Senhoras de Caridade de São Vicente de
Paulo, associação a qual faço parte desde 2014 (e que acompanho desde 2004, período
em que acompanhava a minha mãe, uma das fundadoras do Núcleo Rainha dos
Apóstolos, em seus trabalhos e visitas). Mas esse ano, eu queria estudar a
Bíblia, de verdade. Queria ter uma frequência melhor às missas, compreender melhor os ritos da minha Igreja. E assim, me
dediquei a estudar e a trabalhar para ser uma católica “praticante”. E me
surpreendi com o quanto não sabia sobre os ritos, sobre a Bíblia e sobre Cristo. Você não acreditaria nas portas que me foram abertas esse ano, na dimensão da compreensão das coisas...é um game change. Não dá pra explicar e eu não explicaria se pudesse. Cada um de nós precisa usar os próprios pezinhos para subir os seus degraus nessa incrível jornada espiritual.
E nessa altura
do ano, no dia de Natal, eu me dou conta das coisas que eu desejava ter e não
tenho: uma família reunida. Amigos felizes. Hospitais vazios. Uma
perspectiva positiva e pacífica do mundo e das coisas para o ano que vem. No entanto, acordarei em 2020 com os mesmos problemas: pai falecido, família em outro continente, amor que
não chega (e as grosseiras investigações e suposições sobre a minha vida particular), amigos separados para sempre pelas malditas posições políticas,
livro difícil de vender, novo livro difícil de escrever (e provavelmente de
vender), as dores cervicais de minha mãe que não posso dar jeito, um plano de
saúde cada vez mais caro e muito trabalho irrelevante nas minhas costas.
Hoje, eu e minha
mãe começamos cedo a preparar os doces para a ceia de Natal, é nossa tradição.
Por causa da idade, ela deixou de preparar o jantar. Mas nós fazemos as
rabanadas e a torta de maçã, com as receitas da minha avó. A casa está limpa e
cheirosa, há uma Sagrada Família em cada canto da casa e teremos ido à Missa
quando você ler esse texto.
E terei ido para
a cama pensando em quantas vezes deixei Jesus nascer em minha mente, coração e
gestos, ao longo do ano. Quantas vezes me questionei ou me disciplinei a ser
mais misericordiosa, empática e generosa com as pessoas à minha volta. Meu
palpite é de que, se todos nós tivéssemos feito isso realmente, teríamos um
clima de Natal melhor – e a vendedora não teria se queixado da falta de
espírito natalino.
Pedi perdão? Dei
o perdão? Agi com correção e justiça? Realmente? Cuidei? Preservei? Respeitei?
Estou satisfeita com a minha relação pessoal com
Jesus Cristo? Com minha religião, como um todo? Com a sociedade onde estou
agora?
Acho que essa
reflexão já dá uma boa lista de resoluções para o Ano Novo. Há mais, mas
agora vou cuidar dos meus gatos.
Tomara que as
suas reflexões tenham sido mais tranquilas (*risos). E espero, sinceramente, que
você tenha se aberto para Cristo nascer em seu coração. Isso se refletirá nos seus
pensamentos, palavras e ações. Espero que você faça parte da parte da sociedade
que fará 2020 um momento melhor e com mais espírito natalino do que o que
tivemos. Espero que você crie tradições natalinas com sua família e amigos. Quem sabe você virá me contar sobre isso no próximo Natal?
Deixo o meu desejo de que você e sua família, seja ela quem for, onde quer que esteja, tenham um Feliz e abençoado Natal. Viva o menino Jesus!
Beijos,
Mariana Mendes 💖
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